09 de outubro de 2024
26 de março de 2013
Sexto maior mercado global farmacêutico, Brasil carece de inovação
Da Redação
As classes B e C respondem por 80% do total de medicamentos consumidos no Brasil, de acordo com dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Deste total, a classe B fica com 37% de participação e a C com 43%. As classes A e D ficam com fatia de 10% cada. O acesso da população aos medicamentos tem crescido no país. Mas, apesar de ser o sexto maior mercado do mundo em vendas de medicamentos, o Brasil fica com a 47ª posição em inovação, segundo levantamento da entidade.
O Brasil é o segundo maior consumidor de medicamentos do mundo, em unidades – a China está em primeiro lugar. Entre 2003 e 2012, o volume de medicamento comercializado avançou 112%, de acordo com Antonio Britto, presidente da Interfarma. No ano passado, as vendas de remédios movimentaram cerca de R$ 50 bilhões.
Levantamento da Interfarma mostra que 25% da população brasileira conta com cobertura de plano de saúde privado. Cerca de 144 milhões de brasileiros dependem de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Britto, o país sofre de uma “necessidade brutal por inovação”. “Temos condições de desenvolver inovação, mas o Brasil não conseguiu transformar as ilhas instaladas no país em excelência em inovação. É preciso romper o muro entre a universidade e a empresa. Inovação é risco. O risco tem que ser assumido pelas empresas”, disse.
No caso das doenças tropicais, como dengue e malária, a participação de empresas brasileiras nesse tipo de pesquisa é praticamente nula, de acordo com a associação. Para Britto, o governo ainda está muito apegado ao modelo de Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que tem como objetivo promover a transferência de tecnologia de medicamentos. “O problema deste programa é que o governo está mais preocupado em reduzir os gastos [importação] do que em gerar inovação. Para a transferência de tecnologia, a produção tem que ser feita em laboratório nacional”, disse.
Ele lembra que dos 21 laboratórios públicos, apenas cinco têm certificados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para boas práticas de fabricação, em qualidade compatível para produtos qualificados. As PDPs são realizadas entre farmacêuticas internacionais e o governo – e 56 já foram fechadas.
Fonte: Portal Valor Econômico